1 ano de Lisboa ou: o que aconteceu depois da faxina

lisbon

Lá no início de 2015 (uau, como o tempo o tempo passa), eu publiquei um texto sobre a faxina em casa depois de uma viagem especial. Pois bem, assim como eu pressentia, aquilo era apenas o começo de uma série de mudanças que resultaram em euzinha aqui, vivendo em Lisboa.

Mas… Antes de tudo, vamos rebobinar os fatos.

Até completar 30 anos, eu sempre soube mais ou menos qual rumo tomar na vida. Eu sabia da vontade de morar na capital mineira e, uma vez lá, em um emprego desafiante, eu sabia da minha intenção de ser promovida. Uma vez promovida, eu sabia o que buscar para fazer o melhor trabalho possível. Enquanto isso, as coisas iam fluindo na vida pessoal e eu não precisava ter tanta preocupação.

Até que um dia eu não soube mais nada. A rotina tão prazerosa começou a dar sinais de tédio, o relacionamento de muitos anos chegou ao fim e a minha estrutura familiar quase ruiu com uma grande crise. Sem qualquer atitude em mente, apertei o botão do automático e vivi assim durante uns seis meses. Busquei ajuda dos amigos, dos astros, da psicoterapia e, depois de muito rezar e refletir, as coisas começaram a ficar mais claras.

Abri minha caixinha de sonhos ainda não realizados e comecei a rever os desejos guardados nela. No embalo, fiz também uma retrospectiva de tudo que encheu meus olhos de brilho em certos momentos dos meus – curtos 😉 – 31 anos de idade.

Passei pelo currículo de trabalho e de vida. As especializações em gestão da comunicação e em marketing digital, os workshops de jornalismo cultural e curta documental, os cursos de desenho de moda, consultoria de imagem e escrita criativa, a experiência com assessoria de comunicação para cultura e educação e o projeto com o terceiro setor. Havia, ainda, algumas vivências da estrada e do prazer de conhecer gente e explorar um lugar novo a cada oportunidade.

Foi quando eu percebi: as minhas buscas por conhecimento, de uma forma ou de outra, eram relacionadas à palavra cultura, artística e sociologicamente falando. Juntei isso ao meu recente interesse em tendências de comportamento de consumo e, pronto, talvez fosse a hora de me aprofundar no tema. Um mestrado. Era isso.

Mas, Ana, precisava escolher um mestrado fora do Brasil?

Bem, eu fiz as contas. Um mestrado em qualquer universidade federal do país me custaria o emprego, de todo jeito, pela carga horária e pelas aulas em horário comercial. Um mestrado em uma instituição de ensino particular, ainda que pós-laboral, me sairia caríssimo. Na caixinha de sonhos, constava que eu sempre tive vontade de viver em outro país. Eu queria mudar. E mudança pouca era bobagem.

Uma vez decidida, eu só precisava fazer minha parte e continuar ouvindo meu coração. Me inscrevi no curso, enviei a documentação necessária e esperei o resultado. Com a notícia da aprovação, contei à família e pedi demissão. Avisei às companheiras de casa e dei início aos processos do visto e de entrega do ap alugado.

Foi curioso. As pessoas que me conhecem bem entenderam a mudança de forma muito natural. A família, os colegas de trabalho, os amigos. Ninguém me achou louca, ninguém me viu abandonando uma vida, ninguém pensou que eu não fosse dar conta ou se preocupou com o fato de eu vir sozinha. Todos apenas disseram: vá, viva cada minuto com intensidade e seja feliz.

Hoje faz um ano que cheguei aqui. Sair do meu contexto e zona de conforto me ajudou a me enxergar de um jeito diferente. À parte os momentos de catarse, bastante naturais, foi um período de desaceleração, cuidado com a saúde e silêncio. E de muito aprendizado acadêmico e da rua, claro!

Lisboa me reeducou para viver mais devagarinho e eu aprendi bem a lição. E já que conhecimento bom é conhecimento partilhado, me sinto pronta para contar tudo aqui.

Agora já pode voltar ao presente. É isso mesmo. Tô de volta! 🙂

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11 comentários em “1 ano de Lisboa ou: o que aconteceu depois da faxina”

  1. Já disse lá atrás e volto a dizer agora. Acompanhar você nesta descoberta é sentir que você está no lugar certo e no momento certo. Muitos vivas a tudo o que te levou pra aí. Tô aqui lendo um texto sobre experiência que diz mais ou menos que a experiência de vida é relacional: a participação do sujeito em seu ambiente e a sua interação com outros sujeitos que compartilham desse mundo. Só posso desejar a você experiências de vida infinitas para que você se reinvente e se reconheça. Daqui sigo acompanhando e vibro. Te amo, companheira!

    1. Mari, delícia é ter você como parceira em tudo isso, mesmo de longe, mesmo no silêncio. Também vibro com tudo o que vejo você fazer daqui. Te amo!

  2. “Em algum lugar além do arco-íris os sonhos que você ousa sonhar se tornarão realidade, de verdade.”. Te amo em qq lugar da galáxia!

  3. Ler vc é uma delicia! Compartilhar de suas experiências é mais gostoso ainda!!! Vc é linda demais priminha!

    1. Ô, minha prima. Muito obrigada! Fico feliz com a visita. Mais ainda com o comentário. Que bom que gostou do meu texto! 🙂

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