Há um texto excelente da Martha Medeiros que descreve as muitas vantagens de se mudar de casa ou apartamento. Se para um lugar maior ou não, tanto faz! Mudanças sempre indicam que é hora de rever boa parte da nossa tralha e selecionar o que vamos levar conosco ou deixar pra trás.
Desde o ano passado eu venho assim, revendo toda a tralha emocional e física que fui acumulando ao longo dos anos. Do lado de dentro, a limpeza foi profunda. De mágoas e ressentimentos a ideias, conceitos e pessoas. Com algum esforço, deixei que as coisas seguissem o seu fluxo e fossem abrindo espaço para novos sentimentos e conexões.
Junto a tudo, uma viagem linda e a confirmação do propósito de viver uma vida mais minimalista e focada em experiências que realmente contribuam para o meu crescimento pessoal. E você sabe: quando a gente muda por dentro, quer mudar por fora também. Apesar de ter encontrado as coisas no mesmo lugar onde deixei ao sair de casa, um mês depois enxerguei tudo diferente. E se eu já não era a mesma, meu espaço também não deveria ser.
Voltemos, então, ao texto da Martha. Eu não me mudei de apartamento, mas tenho agido como se tivesse. Tirei todos os quadros e prateleiras do lugar, separei livros para doação e pintei as paredes com a ajuda do meu par. Estou na metade do caminho e aos poucos vou encontrando o destino certo para a coleção de revistas, as apostilas do curso de 04 anos atrás e os enfeites diversos.
Toda essa limpa também tem sido um drible contra a ansiedade, que ainda não limpei por completo e é motivo principal do meu sumiço. Quando tudo é prioridade, nada é prioridade e as faxinas nos ajudam a perceber o que é importante. Parece bobagem, mas quando você decide colocar as coisas em circulação invariavelmente dá início a uma série de movimentos invisíveis de transformação. Sinto que é só o começo.
Este texto meio enigmático está longe de ser um desabafo ou algo do tipo. Está mais para uma dica de recomeço a quem está em busca de um respiro nesse mundão que só faz cobrar mais da gente e que nem sempre nos cerca das melhores companhias. Mas a escolha é nossa. E escolher o que deixar pra trás e o que ainda cabe na nossa vida é um grande exercício de autoconhecimento. Ao menos, a leveza ao final é garantida.
Às vezes, uma boa faxina é tudo de que a gente realmente precisa.
Não demoro!
E que seja lindo inclusive o que já foi bonito!
Só tenho as melhores lembranças, Carol! 🙂
Que sensibilidade linda, Ana! Texto muito sóbrio!!! Parabéns!!! 😉
Ô Tiago, que alegria que você gostou. Obrigada! 🙂