Pergunte o nome ou: o que minha mãe me ensinou sobre empatia

Minha mãe novinha.
Minha mãe novinha.

Hoje o episódio completa 10 anos. 5 de maio de 2005. Depois de algumas crises de dor de barriga, resolvo fazer o telefonema. “Alô, bom dia!” Ela atende. Eu, com aquela voz trêmula de quem estava com o estômago entre as amídalas, respondo: “Mãe, tá boa?” Ela agilmente devolve: “Oi, finha! Tô boa e você?” Já quase chorando, derramo: “Tudo… Hoje é o meu exame de motorista e estou muito nervosa. Reza por mim?” Ela calmamente aconselha: “Não fique. Quando você entrar no carro, vire para o examinador e diga: Bom dia! Qual o seu nome?”

Assim eu fiz. E até hoje não sei de quem é o mérito da aprovação: se dos meus dotes motorísticos ou do conselho da dona Lourdinha. Só sei que a partir desse dia nunca mais conversei com qualquer desconhecido sem perguntar seu nome.

Apenas ano passado, enquanto rascunhava este texto, foi que me toquei. Antes mesmo dos portais de marketing divulgarem 10 dicas de relacionamento com o cliente ou as fórmulas mágicas da conversão de prospects em leads qualificados, minha mãe já dominava a técnica de qualquer início de relação bem sucedida. Desbancadora de feições troncudas e mal humoradas com seu jeito sorridente, simpático e conversador, ela me demonstrou muitas vezes que  o “como você se chama?” é capaz de relaxar o mais ranzinza dos semblantes.

Tudo isso porque a pergunta pelo nome é um primeiro passo para o exercício daquilo que entendemos como empatia, o colocar-se no lugar do outro para enfim compreender seus sentimentos e emoções. Quando perguntei o nome do meu avaliador, ele deixou de ser o avaliador para ser o José Maria, uma pessoa que, entre outras coisas, trabalhava examinando, aprovando e reprovando estudantes de direção. Assim, José só estava fazendo o trabalho dele. Não havia o que temer.

Perguntar o nome das pessoas – e chamá-las por ele –  é dar-se conta delas. É o pontapé inicial que demonstra que você tem algum interesse pelo outro e pode querer saber mais sobre ele ou apenas tratá-lo com a humanidade que todos apreciamos.

Acho importante falar disso porque é o tipo de ensinamento que a gente carrega meio sem perceber, mas que faz total diferença sobre quem a gente é. E são coisas assim que quero pontuar na minha lista de agradecimentos diários daqui em diante.

O próximo domingo será de mais um Dia das Mães. Sei que a data é difícil para muitas pessoas que já não podem dar aquele abraço apertado nas suas ou um telefonema afetuoso sequer. De toda forma, desejo que a gratidão por elas permaneça eterna. Mães ajudam a moldar boa parte do que somos.

Apesar de ser grata por muitas coisas, nesta data, especialmente, agradeço à minha por ter me ensinado a perguntar o nome das pessoas.

Obrigada, Lourdinha!

Feliz Dia das Mães!

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2 comentários em “Pergunte o nome ou: o que minha mãe me ensinou sobre empatia”

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