Quando a Rafaela, minha então companheira de república, ligou da imobiliária contando sobre o abusivo reajuste do aluguel, o que veio à minha cabeça foi: vamos ligar para o proprietário e tentar negociar. Mas ela foi taxativa em seu “não adianta”. O corretor já havia dito que o proprietário não estava para negociações. Portanto, o melhor mesmo seria procurar outro apartamento.
Pensei no transtorno de uma mudança a essa altura do semestre, nos projetos não terminados para o apartamento e nos gastos não previstos. Mas ok! Ao menos estávamos juntas (foi o que pensei).
Fui internalizando tudo aos poucos: as possibilidades de um quarto maior, de uma nova vizinhança por perto, de novos ares… Uma oportunidade involuntária de recomeço. E foi isso que me fez gostar da ideia de procurar um novo lar.
Achamos um apartamento razoável. Era menor que o atual, mas acessível a todas as moradoras. Quando já estávamos organizando os documentos, Rafa resolveu dar um passo atrás e tentar a tal negociação. Bem compreensível, já que seria ela quem mais perderia em conforto.
Com a mudança internalizada, Ana (outra moradora) e eu decidimos que, independentemente da palavra final do proprietário, da imobiliária ou de quem quer que fosse, seguiríamos com os planos. Organizamos tudo e demos entrada com os papéis.
O primeiro ap não deu certo. O condomínio não aceitou que uma república se mudasse para lá. E quando eu já estava quase instalando uma faixa de “abaixo a republicafobia” em frente ao prédio, eis que encontro outro apartamento. Infinitamente melhor, por gentileza do destino.
O fato é que o último mês foi estressante. De tombos consentidos no trabalho para resolver o leva e traz sem fim de papéis (obrigada, chefe!), de idas e vindas à casa dos meus pais para assistir o avô, que está doente (e isso é mais importante que tudo), de ligar o automático na pós e chutar a nerdeza para escanteio (temporariamente) e de me despedir (com o coração apertadinho) da irmã que foi desvendar a engenharia dos alimentos láááááá no velho continente.
Agora, as coisas começam a se ajeitar. E quero projetar para a casa nova todos os sentimentos que tenho buscado para minhas companheiras e eu: paz, espiritualidade, conforto, alegria, simplicidade e satisfação. Estamos felizes e entusiasmadas. Que venham as melhores energias!
Acredito que, embora sem aviso prévio, a mudança tenha vindo em excelente hora. Às vezes, só precisamos de “pessoas Rafaela” para movimentarem nossas vidas, ainda que elas mesmas desistam da movimentação a que deram início. Agora, devagarinho, vamos conciliando o tempo com as demandas da casa. E, aos poucos, tudo ganhará o seu lugar. Sem pressa, sem ansiedade e sem drama… Assim espero!
A foto (reprodução) é só para a primavera.